20.9.12

José Saramago

Eu gosto dele, dos livros dele. Tive de ler o "Memorial do Convento" e adorei! Depois, o meu 'stor de português, sendo excelente naquilo que faz, a gostar mesmo da profissão que tem, a cativar os alunos como nunca vi, foi-nos falando de algumas obras, de algumas histórias... E eu decidi ler mais de Saramago.
Deixo-vos aqui um livro dele que recomendo e um pequeno excerto daquilo que podem encontrar por lá.


Contei noutro lugar como e porquê me chamo Saramago. Que esse Saramago não era um apelido do lado paterno, mas sim a alcunha por que a família era conhecida na aldeia. Que indo o meu pai a declarar no Registo Civil da Golegã o nascimento do seu segundo filho, sucedeu que o funcionário (chamava-se ele Silvino) estava bêbado (por despeito, disso o acusaria sempre meu pai), e que, sob efeitos do álcool e sem que ninguém se tivesse apercebido da onomástica fraude, decidiu, por sua conta e risco, acrescentar Saramago ao lacónico José de Sousa que meu pai pretendia que eu fosse. E que, desta maneira, finalmente, graças a uma intervenção por todas as mostras divina, refiro-me, claro está, a Baco, deus do vinho e daqueles que se excedem a bebê-lo, não precisei de inventar um pseudónimo para, futuro havendo, assinar os meus livros. Sorte, grande sorte minha, foi não ter nascido em qualquer das famílias da Azinhaga que, naquele tempo e por muitos anos mais, tiveram de arrastar as obscenas alcunhas de Pichatada, Curroto e Caralhana. Entrei na vida marcado com este apelido de Saramago sem que a família o suspeitasse, e foi só aos sete anos, quando, para me matricular na instrução primária, foi necessário apresentar certidão de nascimento, que a verdade saiu nua do poço burocrático, com grande indignação de meu pai, a quem, desde que se tinha mudado para Lisboa, a alcunha desgostava. Mas o pior de tudo foi quando, chamando-se ele unicamente José de Sousa, como ver se podia nos seus papeis, a Lei, severa, desconfiada, quis saber porque bulas tinha ele então um filho cujo nome completo era José de Sousa Saramago. Assim intimado, e para que tudo ficasse no próprio, no são e no honesto, meu pai não teve outro remédio que proceder a uma nova inscrição do seu nome, passando a chamar-se, ele também, José de Sousa Saramago. Suponho que deverá ter sido este o único caso, na história da humanidade, em que foi o filho a dar o nome ao pai. Não nos serviu de muito, nem a nós nem a ela, porque meu pai, firme nas suas antipatias, sempre quis e conseguiu que o tratassem unicamente por Sousa.

Como diria o outro... "Não é delicioso?"

7 comentários:

Maria disse...

Eu quando tive que ler memorial do convento, nunca tinha lido nada dele, mas adorei, só que não continuei, mas acredito seriamente, que um dia vou voltar a ler algo dele (:

Maria disse...

eu precisava de uma preta, mas fiquei tão apaixonada pela da pull :$

Anónimo disse...

É divinal :)
E no inicio do texto referes uma coisa muito importante. Se todos tivéssemos professores que nos ensinassem a amar a leitura seriamos com certeza leitores assíduos de boa literatura.

Maria disse...

pois, tenho que me decidir (:

Pretty in Pink disse...

Eu só tenho uma coisa a dizer: Tentei ler o memorial umas 4 vezes, nunca passei da página 10 =P

Beijinho*

Anónimo disse...

eu li o memorial, mas confesso que não gostei muito e não o voltaria a ler... e acabei por perder o interesse em ler o livros dele :|

Joana disse...

O Memorial do Convento é sem sombra de dúvida, a minha obra preferida de José Saramago!